quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Governador Tião Viana anuncia abertura permanente da 364


Quando partir amanhã (28) pela manhã da usina de Artes João Donato, próximo ao Igarapé São Francisco, no antigo Distrito Industrial rumo à cidade de Cruzeiro do Sul (região do Juruá), o governador Tião Viana estará fazendo mais do que um simples anúncio. Estará reescrevendo a história do povo do Acre.

Na capital do Juruá o governador irá anunciar oficialmente que a BR 364, que liga todos as regiões do Estado, não irá mais ser fechada durante o período do inverno. Não é algo tão simples como se imagina. Todos os anos, o fechamento da estrada causava transtornos e deixava isolada por quase seis meses do ano praticamente a metade dos acreanos.

Da pavimentação da estrada, de fato, falta apenas concluir um trecho de 70 km entre a entrada do município de Manoel Urbano e o município de Feijó. Neste trecho, cuja base está praticamente pronta, é que se encontram o rio Jurupari, que compreende uma das regiões mais pobres de todo o Acre.

O maior problema da estrada eram as pontes. No início do mês, o governador Tião Viana entregou a última ponte que falta ficar pronta do trecho, a que passa sobre o rio Tarauacá. Já estavam prontas as dos rios Caetés, Purus, Envira e também do Juruá, fora outras pontes que também atravessam a estrada que é o símbolo da integração regional.

O anuncio não tem apenas um cunho social de aproximar todos os acreanos. Tem também uma finalidade econômica. Não vai longe o tempo em que durante o inverno, um quilo de tomate em Cruzeiro do Sul chegava a custar dez reais, enquanto na capital não chegava a dois reais.

Atualmente, o valor médio das mercadorias em Cruzeiro do Sul, que tem uma ligação comercial e cultural forte com a capital amazonense, está próximo de Rio Branco. Na capital, apenas a titulo de informação, um litro de gasolina pode ser adquirido a 3,08 (três reais e oito centavos). Já em Cruzeiro, o litro chega a 3,33 (três reais e trinta e três centavos). Já foi muito pior.

Como ainda falta pavimentar um trecho importante da estrada, caminhões trucados não poderão passar pela rodovia nesse período, apenas os caminhões “tocos”, além de pick-ups e veículos pequenos. De qualquer forma, uma revolução dada as condições geográficas, climáticas e históricas que separavam, inevitavelmente, as regiões do Estado.

Um longo caminho

Se os moradores do Purus, Envira e Juruá vivem atualmente um sonho com o fim do isolamento geográfico, não foi sempre assim. A história da BR 364 começa ainda em 1968 com máquinas do 5º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) abrindo a estrada até a cidade de Cruzeiro do Sul.

Muitos anos (na verdade décadas) se passaram até que investimentos definitivos começassem a ser feitos. Desde que o ex-governador (hoje senador) Jorge Viana anunciou ainda em 1999, seu primeiro ano de mandato, a abertura oficial da estrada, todos os anos ela era abertura ao tráfego durante o verão amazônico.

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva garantiram os recursos para que a pavimentação da estrada deixasse de ser apenas uma utopia. O ex-governador Binho Marques esperava concluir a pavimentação da BR ainda no seu governo, mas o clima amazônico, com chuvas permanentes de outubro a março, não permitiram o avanço das obras.

No início do ano, já conhecendo todos os percalços da estrada, o governador Tião Viana determinou a aquisição de todos os insumos necessários para se aproveitar ao máximo o verão amazônico. Foram insumos que tiveram que chegar das regiões mais distantes do país. Desde o cimento, que veio de Manaus, até o ferro das pontes, que veio do sul do país.

A metodologia utilizada pelo governador garantiu que as empresas permanecessem mais tempo trabalhando e um trecho maior da estrada pudesse efetivamente ser pavimentado. A base de boa parte dos trechos já estava pronta, o que também garantiu celeridade nos trabalhos, esse ano.

Sonho da integração

A integração do Estado pela BR 364 é uma história lutas, glórias, fracassos e lágrimas. Muitas vidas foram ceifadas para que a atual geração pudesse estar vendo o asfalto interligar as duas principais cidades do Estado. Caminho longo, difícil, mas que foi vencido primeiro pela bravura dos pioneiros e segundo pela determinação de governantes dispostos a tirar os acreanos do isolamento.

E entre atuais responsáveis pela abertura definitiva da estrada está o diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), Marcos Alexandre. Ele faz parte do quadro técnico do órgão desde 1999, convidado que foi pelo então secretário de Planejamento Gilberto Siqueira.

No governo Binho Marques, Marcos Alexandre já era o chefe do departamento. Por estar tanto tempo envolvido na pavimentação da rodovia, conhece palmo a palmo da estrada e sabe quanto custou, não apenas do ponto de vista financeiro, cada pedaço da obra. É dele, também, a determinação para que os moradores do Juruá pudessem comemorar o fim do isolamento histórico. (http://www.oriobranco.net)